Plantas inimigas e plantas companheiras: você já ouviu falar desses termos? Pois é, o mundo vegetal também tem espécies que não se dão tão bem umas com as outras ou que, pelo contrário, têm uma ótima relação. E entender a interação que ocorre entre diferentes tipos de cultivos é fundamental para ganhar mais produtividade e qualidade na lavoura, como veremos neste artigo!
O que são plantas companheiras
Sabe aquela amizade que faz bem e deixa todo mundo mais forte? É isso que ocorre quando falamos sobre as plantas companheiras! Chamamos assim os vegetais capazes de se favorecerem mutuamente, de forma que duas ou mais espécies possam se desenvolver juntas, no mesmo espaço, sem que haja prejuízo para nenhuma delas.
Aliás, muito pelo contrário: além de não prejudicarem as vizinhas, as plantas companheiras também podem ajudá-las de diferentes maneiras, oferecendo mais eficiência na absorção da água, da luz e de nutrientes, por exemplo. Outro benefício é a alelopatia, processo em que algumas plantas liberam substâncias que podem beneficiar outras, como ocorre em vegetais com ação inseticida.
A utilização de plantas companheiras pode trazer diversas vantagens, como mais produtividade nas áreas plantadas, maior qualidade do plantio, equilíbrio dos nutrientes no solo e maior diversidade no cultivo. Alguns exemplos de plantas companheiras são berinjela e vagem, abóbora e milho, hortelã e couve e feijão e repolho.
O que são plantas inimigas
As plantas inimigas, também chamadas de antagônicas, são o tipo de amizade que não dá certo, pois as espécies acabam prejudicando umas às outras. Isso pode ocorrer tanto quando os vegetais são cultivados em um mesmo espaço ao mesmo tempo quanto nas situações de sucessão, em que uma espécie é plantada após a retirada da outra e assim por diante.
Esse prejuízo às plantas vizinhas ou sucessoras pode acontecer por diversos motivos, como a competição por um mesmo nutriente, que acaba enfraquecendo o solo e causando prejuízos diretos na qualidade e na produtividade das espécies, já que é comum que nenhuma se desenvolva bem quando precisa competir por um mesmo elemento.
Um exemplo disso é a relação entre o pepino e o repolho ou entre o girassol e a couve. Todas essas espécies precisam do micronutriente Boro para se desenvolver de forma saudável. Por isso, quando plantadas em uma mesma área, acabam competindo por esse elemento. Do mesmo modo, quando cultivadas em sucessão, o solo fica enfraquecido entre um plantio o outro, comprometendo o novo cultivo.
Plantas inimigas e plantas companheiras: dicas de cultivo
O cultivo de diferentes plantas em um mesmo espaço pode trazer diversas vantagens, como a maior resistência contra pragas, a melhor qualidade do solo e uma produção diversificada na propriedade. Mas, como vimos, para que esse cultivo consorciado apresente bons resultados, é essencial conhecer as plantas inimigas e plantas companheiras, evitando o plantio em conjunto de espécies que não se desenvolvem bem juntas.
Essa publicação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) traz alguns exemplos de plantas companheiras. Além de conhecê-las, também é importante ter alguns cuidados em relação ao cultivo consorciado para aproveitar ao máximo os benefícios que uma planta pode trazer à outra e evitar problemas no desenvolvimento das espécies.
Um dos cuidados indicados é a plantação de vegetais com ciclos de vida diferentes, o que evita que as plantas acabem competindo pela luz. A beterraba e o rabanete são um exemplo disso, já que têm ciclos de 100 e 30 dias, respectivamente. Outra dica é escolher espécies com tipos de raízes diversos, como plantas com raízes profundas e outras com raízes superficiais.
Além disso, o ideal é consorciar espécies com necessidades diferentes, como vegetais que gostam de sol e outros que gostam de sombra. Nesse sentido, plantas com portes diferentes também são uma boa alternativa. Aliás, espécies com cores e aromas diferentes são uma ótima opção para o consórcio, pois contribuem para evitar a presença de insetos.
Por último, nos casos de sucessão no plantio, é preciso analisar a necessidade de nutrientes de cada planta, cultivando primeiro a espécie mais exigente em relação a determinado nutriente e, em seguida, as de média e de baixa exigência, respectivamente. Essa medida evita que o vegetal com maior necessidade de um elemento acabe tendo seu desenvolvimento prejudicado.
E aí na sua propriedade, você tem cuidado com as plantas inimigas e plantas companheiras? Deixe um comentário aqui embaixo contando as suas experiências! E se você tiver alguma dúvida, fique à vontade para perguntar, nossa equipe está à disposição para ajudar.
Clovis Ribas
21 maio 2020Deixe seu comentário