O Brasil é um dos maiores produtores de gado do mundo, representando 14,3% do rebanho mundial, além de ser o maior exportador de carne bovina, de acordo com dados da Embrapa (2020). Porém, para garantir essa produtividade, mais eficiência e qualidade ao produto final, é fundamental inovar no segmento. Nesse sentido, hoje vamos falar sobre como fazer pastejo rotacionado, uma técnica que vem sendo muito utilizada pelos pecuaristas e gerando resultados positivos.
O que é pastejo rotacionado
Pastejo rotacionado é uma técnica de manejo bovino que consiste em fazer a ocupação periódica das pastagens. Trata-se de uma atividade importante para estimular o uso das pastagens e aumentar a produção animal por hectare, um passo importante para conquistar boas respostas na pecuária, setor tão importante economicamente para o país.
De acordo com a Embrapa, criar um sistema para dividir a pastagem bovina em áreas pré-definidas garante mais nutrição do rebanho e promove a renovação do pasto, resultando em um solo conservado e produtivo.
Como funciona o pastejo rotacionado
O sistema de pastejo rotacionado consiste em criar piquetes na área da pastagem, geralmente entre 3 ou mais, onde o gado é submetido a períodos alternados de pastejo e descanso. Dessa forma, o rebanho permanece por um período determinado em um espaço limitado, com abundância de forragem e maior produção de arroba por hectare.
Ou seja, enquanto uma pastagem está em uso com a acomodação do gado, por exemplo, as outras estão em descanso, sendo preparadas com adubo e aguardando o tempo necessário para o crescimento ideal das plantas, reestruturando a sua recuperação e respeitando o período de desenvolvimento do pasto.
É uma técnica que apresenta excelente custo-benefício, uma vez que permite produzir mais em espaços menores, além de ter um custo de implementação relativamente baixo.
As vantagens do pastejo rotacionado
O pastejo rotacionado oferece diversos benefícios, como maior produtividade sem perder a qualidade, melhor aproveitamento do pasto, eficiência entre os ciclos de descanso e mais:
- Permite controlar a quantidade de forragem disponível;
- Garante mais qualidade dessa forragem;
- Possibilita uma recuperação completa do pasto com os períodos de descanso, sem os danos causados pelos animais (como ocorre no manejo comum);
- Proporciona um pastejo muito mais uniforme e assegura o aproveitamento quase que completo da forragem;
- Controla melhor as plantas invasoras;
- Oferece maior capacidade de nutrição do solo, com a distribuição concentrada das excreções dos animais.
Como fazer pastejo rotacionado
Existem fatores muito importantes que precisam ser levados em conta no planejamento para fazer pastejo rotacionado. É fundamental avaliar as características regionais de índice pluviométrico, a temperatura e o tipo de forragem mais adequado para as condições do terreno.
Cada espécie de planta se comporta de forma diferente conforme o estilo do solo, elevação, índice de chuva, incidência de sol e umidade. E o sucesso da técnica está diretamente relacionado a isso, portanto, o pecuarista deve fazer um estudo detalhado sobre sua região e o tipo de planta escolhido.
Com essas informações em mãos, é hora de fazer o planejamento, validar o cronograma e colocar a mão na massa para implementar. Confira dicas importantes para essa atividade:
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Preparo do solo
Antes de começar, faça um diagnóstico do solo. Uma terra bem adubada é sinônimo de plantação sadia e farta. A adubação vai proporcionar maior produção de forragem e, consequentemente, vai melhorar o desempenho dos animais.
Além disso, garanta que o solo tenha a mesma espécie de plantas forrageiras. Jamais misture mais de uma no seu pasto! Cada espécie possui um período de crescimento, desenvolvimento e características diferentes, logo, misturá-las vai afetar o cronograma de descanso e, com isso, o pastejo rotacionado será falho.
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Montagem dos piquetes
A etapa inicial é a montagem dos piquetes. É possível aproveitar estruturas prontas no pasto ou fazer novas divisões, levando em consideração o número de animais e o tamanho do terreno.
Para fazer as divisões dos piquetes, você pode reaproveitar restos de cercas e arames já existentes, desde que estejam adequados para o uso. É uma alternativa para quem busca baixo custo, no entanto, demanda muito mais tempo e mão de obra em grandes áreas.
Outra alternativa muito comum é optar por cercas elétricas, que, apesar de terem um custo consideravelmente mais alto em relação à opção anterior, têm uma durabilidade mais atrativa, de aproximadamente 8 anos.
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Tamanho dos piquetes
Uma das principais dúvidas dos agropecuaristas é sobre o número e o tamanho dos piquetes necessários para o rebanho. E ter um planejamento bem definido e organizado desta etapa é fundamental para o sucesso da produção.
O tamanho do piquete vai variar de acordo com a estrutura, a quantidade, a espécie e o peso médio dos animais, além do ritmo de crescimento da forragem, que é diferente em cada região.
A Embrapa apresenta uma sugestão para calcular o tamanho do piquete:
Número de piquetes = Período de descanso / Período de ocupação + 1.
Você pode optar por usar a fórmula sugerida ou fazer seu próprio cálculo, levando em consideração todos os fatores citados acima. Mas vale ressaltar um conceito comum: quanto menor o tempo de ocupação, maior será a eficiência do pastejo e, consequentemente, maior a lotação de animais.
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Formato do piquete
Existem dois formatos adequados para a montagem do piquete: quadrado e retangular. Eles são mais eficientes, pois garantem um pastejo mais uniforme e de melhor demarcação. Porém, é importante se atentar a uma dica: o comprimento do piquete não deve ultrapassar em 3 vezes a medida da largura.
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Tempo ideal para o período de descanso
O período de ocupação é o número de dias em que os animais permanecem pastando no piquete. Já o tempo de descanso é a quantidade de dias em que o piquete fica sem animais pastando, tempo em que se recupera para o novo pastejo. Ele depende da espécie forrageira, das condições de fertilidade do solo e do clima.
Para você ter uma ideia do tempo ideal, apresentamos uma tabela, desenvolvida também pela Embrapa, que mostra o período de descanso das principais espécies forrageiras tropicais:
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Áreas de descanso
É fundamental a implementação de áreas de descanso no pastejo rotacionado, com sombra, bebedouro e saleiro. Elas oferecem conforto térmico, diminuindo o estresse dos bichos e evitando prejuízos, como queda na produção de leite, reprodução ou adoecimento.
A quantidade de áreas de descanso vai depender do tamanho do piquete, mas considere no mínimo 2, em um posicionamento no qual os animais não precisem caminhar mais do que 500 metros para ter acesso à água, sombra e sal. Quanto menor a distância, melhor, já que os animais bebem água cerca de 5 vezes ao dia.
A sombra pode ser natural ou artificial e a área recomendada é de 10 m² por animal, para que haja espaço confortável para todos se acomodarem, sem que pisem uns nos outros, evitando acidentes. Também é possível aproveitar a área de descanso para colocar bebedouro e saleiro próximos do espaço de sombra, para facilitar o acesso do gado.
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Rotação
Após garantir a qualidade do solo, fazer os piquetes e construir as áreas de descanso, é hora de fazer a rotação do rebanho. Coloque todos os animais em um piquete e quando eles consumirem toda a área, transfira-os para o segundo piquete — e assim sucessivamente até retornar ao primeiro espaço.
Enquanto estiverem desocupadas, ou em descanso, as áreas vão se recuperar e desenvolver novas plantas no tempo ideal, para que atinjam sua melhor fase e estejam preparadas para receber novamente o rebanho.
Quando fazer o pastejo rotacionado
No Brasil, o sistema é adequado para todas as estações do ano. É claro que pode haver variação entre regiões por conta de fatores climáticos e espécies de plantas forrageiras, mas isso não vai interferir na implantação do manejo rotacionado. De forma geral, locais mais chuvosos oferecem condições mais favoráveis ao desenvolvimento das plantas.
Também é importante destacar que o pastejo rotacionado pode ser usado para todas as atividades, como em animais de corte comercial, gado leiteiro, gado de elite e tantas outras categorias. Afinal, é uma alternativa que beneficia diferentes rebanhos e garante resultados muito satisfatórios.
E ainda!
Para obter máxima performance do sistema rotacionado, garanta que os espaços ofereçam boa circulação do rebanho. O conforto e a nutrição do animal são fundamentais em todas as etapas! Além disso, faça testes e experimente diferentes soluções. Cada situação é particular e cabe ao pecuarista compreender o conceito e fazer adaptações para chegar no melhor resultado na sua produção.
Por fim, aproveite para conferir o portfólio da Bel Agro! Unindo tecnologia e inovação, oferecemos excelentes soluções para ajudar na nutrição do seu pasto. Em caso de dúvidas, fique à vontade para entrar em contato com a nossa equipe. Estamos sempre a postos para ajudar você!
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