Insetos, fungos e ervas daninhas são uma grande dor de cabeça para quem planta, afinal, costumam afetar a produtividade e a qualidade dos cultivos, trazendo prejuízos ao agricultor. Por isso, combater esse tipo de praga é essencial para manter a saúde da lavoura e, nesse sentido, uma das soluções utilizadas para controlar e eliminar as infestações é o controle biológico!
O que é controle biológico
O controle biológico é um modo de reduzir ou eliminar a infestação de determinada praga a partir da utilização controlada de seus inimigos naturais. São insetos, fungos, ácaros, bactérias, vírus e outros tipos de predadores que têm potencial patogênico sobre as pragas, isto é, que são capazes de predar e causar doenças nas pragas que estão atacando a lavoura.
Esse conceito foi citado pela primeira vez em 1919, por H. S. Smith, que se referia ao uso de inimigos naturais para controlar insetos. Mais tarde, o termo também foi utilizado para designar outros tipos de métodos para prevenir e reduzir as pragas, como a utilização de variedades resistentes, a rotação de culturas, o uso de armadilhas e outras técnicas naturais, sem qualquer tipo de controle químico.
Hoje, porém, a maioria dos especialistas da área considera o controle biológico apenas como o uso de inimigos naturais para a supressão ou redução de determinada praga ou, ainda, para diminuir os danos causados por ela. Em 2017, segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Brasil contava com 143 produtos voltados ao controle biológico. Em 2010, eram apenas 19, o que representa um aumento de 652% em sete anos.
Os avanços tecnológicos e a possibilidade de produzir em escala industrial são alguns dos fatores que justificam o crescimento do uso desse tipo de solução. No entanto, o principal deles é o aumento do interesse do produtor, que ocorre tanto pelo menor impacto ambiental que o controle biológico acarreta como pelo aumento da resistência de algumas pragas aos produtos químicos.
Um marco da utilização das soluções de controle biológico no Brasil ocorreu em 2013, quando a chamada lagarta Helicoverpa armigera atacou cultivos de milho, soja e algodão e não havia nenhum tipo de defensivo químico capaz de conter a infestação. Diante disso, pesquisadores utilizaram um parasitóide chamado trichogramma para atacar os ovos da lagarta e controlar o problema. Com os benefícios do uso dessa técnica, os produtores passaram a se interessar pelo controle biológico.
Como funciona o controle biológico
Muito antes das soluções para o controle biológico chegarem ao campo, diversas pesquisas são feitas para entender o comportamento das pragas e de seus inimigos naturais, avaliar os benefícios do uso desses inimigos para a lavoura e eliminar riscos ambientais e à saúde humana. Instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) são fundamentais nesse sentido, assim como as empresas privadas de controle biológico.
De forma geral, o primeiro passo para criar uma solução de controle biológico é coletar os inimigos naturais de determinada praga no ambiente. Em alguns casos, quando a praga é originária de outro país ou continente, é necessário coletar seus inimigos em seu lugar de origem. Depois, já em laboratório, os pesquisadores fazem diversos processos para medir a eficiência desses inimigos como agentes de controle biológico, ou seja, testam a ação deles contra as pragas.
Nessa etapa, além de avaliar o potencial patogênico nas pragas-alvo, os especialistas analisam ainda a capacidade do organismo de causar doenças também em outros seres, como animais e humanos, e na própria lavoura. Por fim, são desenvolvidos produtos a partir desses agentes de controle biológico, que ainda terão sua eficiência e segurança avaliadas pelos pesquisadores.
Esses produtos são chamados de biológicos porque não contêm nenhuma substância química em sua formulação. Um exemplo é o Boveril, um inseticida microbiológico composto pelo fungo Beauveria bassiana, que pode ser utilizado contra insetos como o gorgulho-do-eucalipto, a mosca-branca e a broca-do-café em seus diferentes estágios de desenvolvimento.
Outro produto biológico é o Trichodermil, um fungicida e nematicida produzido a partir do fungo Trichoderma harzianum, utilizado contra doenças como damping-off, podridão de esclerotinia, podridão radicular seca, além de outras patologias que atingem uma grande variedade de culturas.
Os cuidados ao aplicar esse tipo de produto são os mesmos em relação à aplicação dos defensivos químicos: é necessário utilizar os equipamentos de proteção individual e fazer o descarte correto das embalagens vazias, além de utilizar o produto conforme a orientação presente na bula ou de acordo com a indicação de um profissional especializado.
Os produtos biológicos recompõem o equilíbrio natural do ambiente, muitas vezes prejudicado pela monocultura ou pelo uso intenso de produtos químicos. Ao utilizar soluções de controle biológico, o produtor consegue controlar os inimigos da plantação, manter a saúde da sua lavoura de forma sustentável e fazer um manejo integrado de pragas mais eficiente.
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Primavera
6 maio 2020Deixe seu comentário